Mesmo com a vitória de Palmeiras sobre o Cuiabá, por 2 a 1, na estreia do Campeonato Brasileiro, na tarde deste sábado (15), o técnico Abel Ferreira estava muito chateado pelo fato de ter sido expulso, ainda no primeiro tempo. O treinador acreditava que a arbitragem não tinha entendido o que ele tinha falado e revelou que um dos auxiliares falou com ele em espanhol em alguns momentos da reclamação.
Em tom de desabafo, Abel disse que situações como essa o deixava desgostoso e que tirava até mesmo a vontade dele seguir trabalhando no futebol brasileiro.
“Arbitragem confusa, inclusive comigo, que ficou triste, porque vou chegar em casa. Nem queria ter folga, minha esposa vai me moer a cabeça, vai dizer que eu tenho duas filhas, que vai me fazer mal carreira. O fiscal de linha (auxiliar) me chamou em espanhol. Eu sou português, de Portugal, falo a mesma língua. O que me mata é chegar em casa e ter a minha mulher, as minhas filhas, porque estou fazendo um esforço enorme para melhorar. Isso tira a vontade de ser treinador e continuar aqui”, destacou Abel Ferreira em entrevista coletiva após a partida.
Ainda que o treinador palmeirense tenha ficado decepcionado por desapontar a sua família, ele também destacou a importância da sua esposa em momentos de chateação, como na partida deste fim de semana. Ele também revelou que não recebe acompanhamento psicológico.
“Eu sou demasiado competitivo. Teve um jogador que disse que a árvore que dá mais frutos é a que recebe mais pancada. Não tenho psicólogo, mas tenho a minha esposa, que me dá conselhos. Gosto de futebol, tenho muita paixão e muita emoção. Minha mulher sempre fala que se tiver desgosto, é para ir embora”, disse o técnico.
Abel também se declarou ao elenco palmeirense e destacou o seu carinho ao clube e todos os seus funcionários. Ele, que foi expulso pela sétima vez desde que chegou ao Palmeiras, em novembro de 2020, revelou que não estava nos planos receber mais um cartão vermelho. O último havia sido na Supercopa do Brasil, contra o Flamengo, no último dia 28 de janeiro. Na ocasião, ele chutou um microfone por conta da não marcação de um escanteio a favor do Palmeiras no fim da partida, que terminou com o título do Verdão.
“Hoje estou triste, triste mesmo. Uma parte do meu coração está feliz porque ganhamos um jogo difícil. Mas estou triste. Eu gosto de ver futebol, sou intenso quando estou dentro das quatro linhas, intenso no jogo. Talvez seja essa tolerância zero, que ainda não estou adaptado. Mas estou triste. Acho que meus jogadores não mereciam ficar sem o treinador no banco. Eles sabem o quanto me esforço para os ajudar. Foi tudo muito confuso. Eu não queria ser expulso, tinha um objetivo meu. Fui expulso na Supercopa, levei dois amarelos até agora, mas não adianta. Não estava nos meus planos ser expulso hoje. Não sei se o trabalho que estou fazendo é suficiente, se é a tolerância zero, se o meu português não está claro”, pontuou Abel
“Apesar de dizer que estou triste, quero dizer que amo meus jogadores. Tenho um orgulho imenso em ser treinador deles. Sabem que estou aqui porque gosto muito deles. Sabem que já tive a oportunidade de os abandonar, mas não o fiz porque há uma ligação muito forte com eles. Jogue quem jogar, quem entra dá tudo”, disse o treinador palmeirense em outro momento.
De acordo com a súmula assinada pelo árbitro Paulo César Zanovelli, o motivo da expulsão do Abel é que o profissional teria dito que a arbitragem era uma m…. Ao fim da entrevista coletiva, o técnico foi informado sobre isso pelos próprios jornalistas presentes, deu uma risada, deixou a sala e rapidamente retornou perguntando aos profissionais de imprensa se concordavam com o que estava escrito.