Manaus (AM) — A advogada Catharina de Souza Cruz Estrela acusou o promotor de Justiça, Walber Nascimento, de tê-la ofendido durante um julgamento realizado, nesta quarta-feira (13/9). Ela alega que o promotor se referiu a ela como “cadela” durante o embate entre defesa e acusação e, inclusive, pediu para que a situação fosse registrada em ata. Ele nega a ofensa.
Em entrevista concedida ao portal ATUAL, a advogada afirmou que a comparação com uma “cadela” ocorreu várias vezes durante o julgamento, que iniciou na última segunda-feira (11/9). Em um vídeo, é possível ver alguns momentos do julgamento, no qual o promotor se manifesta.
“Fui ofendida durante o meu trabalho, enquanto advogada, e o juiz nada fez para impedir. A classe se une para que essa situação não venha a ocorrer e eu não precisava passar por essa situação”, disse a advogada, em um vídeo postado em uma rede social.
A situação entre Catharina e o promotor levou advogados e advogadas criminalistas a se manifestarem, em frente ao Fórum Enoch Reis, em solidariedade à colega de classe. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas (OAB-AM), Jean Cleuter, também se manifestou em uma rede social, onde afirmou “não poder admitir qualquer tipo de afronta às prerrogativas dos advogados, que são invioláveis e prerrogativas do cidadão, da sociedade”.
Versão do promotor
O Minuto a Minuto1 entrou em contato com promotor Walber Nascimento, que afirmou não ter faltado com respeito à advogada. Ele alegou que tem total respeito pelas mulheres e colegas de profissão e que, inclusive, foi educado pela mãe a respeitar o público feminino.
Ele disse, também, que, durante o julgamento, a advogada, além de questionar a presença dele nos debates, tentou várias vezes anular o julgamento. Em relação ao termo “cadela”, Nascimento que algumas ações discutidas no processo retratam o desrespeito que alguns homens tratam as mulheres e citou uma fala da própria mãe, que lhe dizia “que sempre teria de respeitar as mulheres. Inclusive, se engravidasse uma cachorra, teria de casar com ela”.
“Então, quando a advogada foi fazer a defesa dela, fui acusado por ela de chamar todas as mulheres de cachorras e, durante a minha tréplica, afirmei ter tido a minha fala distorcida. Nesse momento, afirmei que os cachorros são leais e ao falarmos em lealdade, ela (Catharina) não poderia ser comparada a uma cachorra”, destacou o promotor, ao salientar que todas as sessões são gravadas e há testemunhas sobre a negativa da ofensa por parte dele.
O promotor relatou, ainda, ter pedido desculpas à dra. Catharina, caso ela tenha se sentido ofendida, mas ela não as aceitou.