Manaus (AM) – A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) emitiu recentemente um alerta sobre a intensificação da seca na região centro-sul do Brasil. Novos dados indicam um agravamento das condições de seca extrema, enquanto outras áreas enfrentam situações de seca grave e moderada.
Renato Senna, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e coordenador de hidrologia do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera (LBA/Inpa-MCTI), destaca a gravidade do cenário atual. Ele alerta que a seca registrada pode ser uma das mais severas da história recente, com base nos padrões de vazante dos rios observados.
Muitos rios na região centro-sul estão apresentando níveis preocupantes. “Atualmente, o nível do Rio Negro está em torno de 18,50 metros com uma queda de 25 cm por dia. No mesmo período, em 2023, o nível era de 22,65 metros e a descida era de 20 cm por dia, mostrando uma diferença de 4,15 metros a menos este ano”, explicou Senna.
Essa condição é um reflexo direto do impacto severo das condições climáticas dos últimos anos, dificultando a recuperação dos níveis normais dos rios e afetando significativamente o ecossistema aquático e terrestre da região.
Como as Mudanças Climáticas Agravaram a Seca?
O pesquisador explica que a seca atual está relacionada aos efeitos persistentes da seca ocorrida em 2023. Fenômenos climáticos como o El Niño e o aquecimento do Oceano Atlântico Tropical Norte tiveram um papel crucial na alteração dos padrões de clima, reduzindo a formação de nuvens e consequentemente a precipitação.
Durante a estação chuvosa da Amazônia, que é crucial para o reabastecimento das grandes bacias hidrográficas, houve uma redução significativa das chuvas. Isso impacta diretamente o acúmulo necessário de água para manter os níveis adequados dos rios da região.
Impactos Socioeconômicos da Seca
A seca severa traz uma série de impactos socioeconômicos. Em 2023, vimos a morte de grandes quantidades de peixes e mamíferos aquáticos, uma situação sem precedentes nos últimos anos. Esses eventos colocam em risco a biodiversidade local e a fonte de renda das comunidades que dependem da pesca e do extrativismo.
- Redução na produtividade das atividades extrativistas.
- Dificuldades operacionais nos portos da região, afetando o transporte e a logística.
- Impactos sociais, incluindo a escassez de recursos e problemas de saúde pública.
Medidas de Emergência Adotadas
Em resposta à crise, todos os 62 municípios do Amazonas foram colocados em estado de emergência. O governador Wilson Lima assinou um decreto não só para a emergência devido à seca, mas também para a situação de emergência em saúde pública, devido ao período de vazante dos rios.
- Implementação de ações para garantir o abastecimento de água potável às populações afetadas.
- Monitoramento contínuo e estudos para prever e mitigar impactos futuros.
- Apoio governamental às comunidades vulneráveis, oferecendo suporte logístico e financeiro.
Para enfrentar essa crise hídrica, a colaboração entre o poder público, as organizações não governamentais e a sociedade civil é essencial. A conscientização sobre a importância da preservação ambiental e uma gestão eficiente dos recursos hídricos pode ajudar a mitigar os efeitos devastadores da seca.