Manaus (AM) – Um influenciador digital que produz conteúdos de viagens publicou um antes e depois do rio Negro, em Manaus, para mostrar a seca que atinge o Amazonas. As imagens foram feitas durante pouso de avião na capital amazonense e mostram o rio com cota de 12,11 metros, a menor marca em 122 anos de medição.
Os registros foram feitos Marcelo Dias, dono do perfil @pousos_e_decolagens nas redes sociais. Os vídeos mostram a aeronave sobrevoando a região de Ponta Negra. Nas imagens feitas durante a cheia, quase não dá para ver o outro lado do rio. No vídeo compartilhado, é possível verificar os bancos de areia que surgiram no leito.
“No dia 4 de outubro, o rio Negro atingiu a sua mínima histórica: 12,66 metros. Desde então, o nível diminuiu mais ainda. Cerca de 750 mil pessoas estão sendo afetadas diretamente pela seca e os municípios amazonenses estão em estado de emergência. Com os rios tão rasos, comunidades que dependem so transporte fluvial podem ficar completamente isoladas”, escreveu o influenciador na legenda do vídeo.
Seca histórica
O rio está baixando em média 19 centímetros por dia. A seca deste ano está mais severa e isso se reflete na antecedência da estiagem, que costuma acontecer anualmente nos meses de outubro. Em 2023, a falta de chuvas já havia sido histórica, mas, no dia 30 de setembro do ano passado, o Rio Negro estava com uma profundidade de 15,66 metros, enquanto a mínima de 12,7 foi alcançada apenas no dia 27 de outubro, ou seja, um mês depois do que está sendo visto neste momento.
Considerando o que houve no ano passado e a seca atual, os pesquisadores do Serviço Geológico Brasileiro (SGB) estimam que o rio pode ficar até mais de dois meses em uma cota abaixo de 16 metros. Historicamente, a cota abaixo de 15,8 metros é considerada severa, e chega a nível “extremo” quando supera os 14,05 metros.
O rio Negro é o maior afluente da margem esquerda do rio Amazonas e o sétimo maior rio do mundo em volume de água. O seu ciclo de cheias e secas é natural, mas a gravidade da estiagem dos últimos dois anos alcançou marcas históricas e impactos sociais e ambientais. Como os barcos são a principal forma de transporte na Amazônia, a seca, que impede navegação em alguns trechos, deixa comunidades isoladas, sem acesso a abastecimentos e diesel.