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Brasileira é encontrada após mais de 15 dias desaparecida em Paris

Presidente da instituição que ajudou nas buscas por Fernanda Santos de Oliveira disse que ela foi encontrada debilitada, com machucados nos pés e nos punhos, mas sem se lembrar do que aconteceu. A mulher está internada no Hospital Policial Saint Anne, em Paris.
Fernanda Santos de Oliveira, natural de Botucatu (SP), está desaparecida desde o dia 6 de maio — Foto: Arquivo Pessoal

Paris (FR) – A brasileira que foi encontrada após mais de 15 dias desaparecida em Paris, na França, diz que foi fechada em uma casa abandonada, mas que não se lembra do que aconteceu, segundo a presidente da ONG que ajudou nas buscas pela mulher. Ela foi encontrada com os pés e os punhos machucados.

De acordo com Nellma Barreto, responsável pela Associação Mulheres na Resistência de Paris, Fernanda Santos de Oliveira, de 44 anos, disse que saiu para trabalhar pela manhã e se perdeu. O desaparecimento dela foi registrado em 6 de maio e mobilizou o grupo feminino, que fez buscas pela brasileira por toda a capital francesa.

Ela disse que estava fechada em uma casa abandonada durante esses dias todos, em um lugar muito distante de Paris. Ela fala que não lembra por quem [foi fechada] nem onde. Só lembra que alguém deu um papel para ela com o endereço da casa dela, e aí simplesmente ela voltou”, diz.

Fernanda foi encontrada pela polícia francesa na manhã desta segunda-feira (22) no próprio apartamento. Segundo a irmã dela, Maria Aparecida de Oliveira, que mora em Botucatu, no interior de SP, a polícia foi acionada por vizinhos que viram Fernanda chegar em casa.

Ainda segundo Nellma, a brasileira foi encontrada com machucados nos pés e nos punhos. “Ela estava calçada, mas com os pés bem machucados, como quem andou muito. Também tem uma marca nos punhos, como [se] alguma coisa [estivesse] apertando ali. Ela não sabe dizer o que foi. Está aparentemente muito fraca, abatida e debilitada”, diz.

Depois de localizada, Fernanda foi levada pela polícia ao hospital Hôtel-Dieu de Paris, onde foi submetida a exames para saber se ela sofreu algum tipo de violência. Nellma participou da consulta e ajudou na tradução entre a brasileira e os médicos.

Agora, segundo a responsável pela ONG, Fernanda está internada no Hospital Policial Saint Anne. “Ela vai ficar hospitalizada pelos próximos dias, recebendo todo o atendimento médico que precisa”, disse a voluntária.

De acordo com Nellma, o cartão bancário de Fernanda chegou a ser utilizado duas vezes enquanto ela foi dada como desaparecida, uma na última terça-feira (16), e outra no sábado (20). A brasileira, no entanto, não se recorda do que aconteceu. Os familiares dela estão a caminho de Paris para trazê-la de volta ao Brasil.

A polícia francesa investiga o caso. “Pode ter sido um surto, em que ela saiu andando, vagando pelas ruas, como também ela pode ter ficado em cárcere privado até esse momento onde, segundo ela, foi entregue um papel com endereço e ela conseguiu chegar até em casa”, diz Nellma.

Ao g1, a voluntária disse que a localização de Fernanda foi celebrada pela mulheres da ONG. “Nós estamos muito aliviados, comemorando esse encontro. Nem todos os dias temos a sorte de encontrar os nossos vivos.”

Desaparecimento

O desaparecimento de Fernanda havia sido registrado no dia 6 de maio, quando ela saiu do apartamento em que morava, sem documentos e celular, levando apenas uma bolsa de mão, um patinete elétrico e o passaporte.

Mulheres da ONG que ajudava na busca por Fernanda disseram que ela poderia estar sofrendo assédio sexual em um dos trabalhos e isso pode ter motivado o desparecimento.

Na última quarta-feira (17), um comunicado da polícia parisiense revelou que Fernanda teria sido vista nos dias 8 e 9 de maio em Melun, no departamento Sena e Marne. “Ela estava sob posse de um passaporte e um passe de transporte”, disse a polícia, que ainda inclui três fotos da mulher no apelo. (Veja abaixo).

Ainda conforme com Nellma, a associação foi alertada no dia 11 de maio, seis dias depois do desaparecimento de Fernanda, após ter sido avisada pela família da brasileira, e realizou um boletim de ocorrência na sexta-feira (12).

Segundo ela, o desaparecimento já havia sido sinalizado à polícia pela patroa de Fernanda, no restaurante, no dia anterior.

Nos dias 13 e 18 de maio, elas fizeram mutirões para procurar a brasileira com a distribuição de cartazes com fotos de Fernanda nos principais pontos da capital, como estações e parques. Elas também fizeram buscas em hospitais.

Situação irregular

Na capital francesa, Fernanda conseguiu um emprego em restaurante de culinária portuguesa e mantinha ainda dois bicos como faxineira. Contudo, ela vive ilegalmente no país e estava em busca de regularizar a situação.

Nellma Barreto suspeita que Fernanda poderia estar sofrendo assédio sexual em um dos trabalhos e isso pode ter motivado o desparecimento, porém as motivações ainda serão investigadas.

Também houve o registro de um surto que Fernanda teria sofrido dias antes. Os bombeiros foram acionados, mas ela disse que estava bem.

Sonho de morar no exterior

Segundo a irmã, Fernanda sempre falou em trabalhar na sua área de formação fora do país, já que em Botucatu, onde morava antes de ir para a Europa, teve poucas oportunidades. Ela é formada como técnica de enfermagem e tinha curso de radiologia.

“A Fernanda trabalhou por mais de dez anos em uma indústria de Botucatu e, quando saiu, passou a fazer bicos como cuidadora, de motorista para idosos que precisavam ser levados a consultas médicas. E sempre foi muito estudiosa, sonhadora e esforçada”, detalha a irmã Maria Aparecida.

Desde que chegou na França, em abril de 2022, Fernanda já conseguiu conhecer Amsterdã, na Holanda, e Ibiza, na Espanha. “Ela sempre me disse que queria viajar, conhecer o mundo”, afirma a irmã.

Antes de ir para a França, onde uma prima já vivia, Fernanda tentou o visto para os Estados Unidos, mas não teve sucesso. “Antes de ir para a Europa, ela nunca havia saído do Brasil”, revela Maria.

A irmã conta também que Fernanda sempre foi muito apegada aos familiares e tem um filho de 23 anos, que lhe deu um casal de netos, uma menina com três anos e um menino de 11 meses. “O menor ela só conheceu por fotos e vídeos, todo domingo ela falava com eles por vídeo.”

Segundo a irmã, Fernanda mora há pouco mais de um ano em Boulogne-Billancourt, região do subúrbio de Paris.

Fonte: g1

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