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Brigadistas do Ibama caminham 34 quilômetros para salvar lavrador picado por cobra venenosa, no Careiro

Os profissionais são técnicos em enfermagem e fizeram a aplicação do soro antiofídico ainda na mata
Foto : Divulgação

Careiro Castanho (AM) – Dois brigadistas do Ibama percorreram 34 quilômetros a pé, ida e volta, para salvar um lavrador picado por uma cobra surucucu-pico-de-jaca, no município de Careiro Castanho ( a 123 km de Manaus). O local é de difícil acesso, mesmo com o uso de aeronaves.

Quando partiram para o salvamento, os dois brigadistas e outros dois moradores locais estavam na base do município de Manaquiri – um dos setores da Operação Amazonas 2023, que combate os incêndios florestais na região.

Os brigadistas são Jeffite Cordeiro Ambrósio e José Augusto Antunes. Ambos são técnicos em enfermagem e prestaram os primeiros socorros ao lavrador Cícero José de Oliveira. Eles encontraram Cícero seis horas depois de entrarem na mata.

A cobra, uma surucucu-pico-de-jaca, é considerada a maior serpente peçonhenta das Américas.

“Antes de sair da base, pesquisei na internet sobre a cobra. Sabia que se tratava de um animal venenoso e cuja picada causa dor extrema. Na ida, dizia para os companheiros manterem a calma e seguir a linha de raciocínio de que tudo daria certo. Ao encontrá-lo, perguntei: numa escala de zero a dez, qual a intensidade da dor? Ele respondeu: nove”, contou Ambrósio.

Rapidamente, ele e José Augusto aplicaram o soro antiofídico. Os três e o restante do grupo deixaram o local do resgate na última terça-feira (31). Cícero foi hospitalizado e não corre risco de morte.

“Um brigadista em combate chega a andar, em média, entre oito e 10 km por dia, são pessoas de certa rusticidade”, atestou o comandante de Incidentes da Operação Amazonas 2023, Kurtis François Teixeira Bastos.

O lavrador Cícero José de Oliveira tem 43 anos e três filhas. Possui uma pequena propriedade no município de Careiro e estava encerrando o trabalho e retornando para a casa na tarde do dia 26 quando levou a picada.

“Saiu muito sangue. Achei que a situação poderia piorar, então eu e os dois que estavam comigo corremos em direção a estrada por mais ou menos mil metros. Mas a perna travou, foi quando o indígena que estava com a gente foi pedir a ajuda.”, recordou o lavrador.

De acordo com o Instituto Butantan, a surucucu ou surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta) possui cor alaranjada contrastando com as manchas escuras ao longo de seu dorso. Ela pode ser considerada a maior serpente peçonhenta das Américas e a segunda maior do mundo, atrás apenas da cobra-rei (Ophiophagus hannah).

Pode alcançar mais de 3 metros de comprimento e tem, no fim da cauda, escamas arrepiadas. As escamas de seu corpo são semelhantes à casca de uma jaca – daí o nome popular da espécie. É a única serpente do gênero Lachesis presente no Brasil, e pode ser encontrada em grande parte nos estados do Amapá, Amazonas, Acre, Pará, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Ceará e Rio de Janeiro.

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