Manaus (AM) – Dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (8/11), revelam que Manaus e Belém são as únicas capitais do Brasil com mais da metade da população vivendo em favelas.
Em Manaus, 55,8% dos moradores residem em comunidades. Já em Belém, que sediará a COP 30 em 2025, o índice é de 57,2%.
O levantamento identificou que a população das 20 maiores favelas do país atinge 858,6 mil moradores, representando 5,2% da população que reside em comunidades. A quarta maior delas está localizada em Manaus, a comunidade Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, na zona Norte de Manaus.
Além de Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, a lista do IBGE também inclui outras cinco comunidades de Manaus: Comunidade São Lucas, Zumbi dos Palmares (Nova Luz), Santa Etelvina, Colônia Terra Nova e Grande Vitória.
A presença dessas áreas na lista ressalta o crescimento populacional de Manaus e a necessidade de atenção especial às demandas desses bairros, que enfrentam desafios relacionados à segurança jurídica da posse, oferta precária de serviços públicos e ocupação em áreas de risco.
Esses números são significativamente superiores à média nacional de 8,1%, o que equivale a 16,4 milhões de pessoas vivendo em favelas em todo o país. Essas favelas estão distribuídas por 12.348 comunidades em 656 municípios.
A Região Norte lidera o percentual de população em favelas, com 18,9%, superando o Nordeste (8,5%), o Sudeste (8,4%), o Sul (3,2%) e o Centro-Oeste (2,4%). Os três estados com maior proporção de pessoas vivendo em favelas estão localizados na Região Norte: Amazonas (34,7%), Amapá (24,4%) e Pará (18,8%).
As cinco cidades com maior percentual de população em favelas também pertencem ao Norte. Em Vitória do Jari (AP), 69% da população vive em favelas, seguida por Ananindeua (PA) com 60%, Marituba (PA) com 59%, Belém com 57% e Manaus com 56%.
De acordo com a pesquisadora do IBGE Letícia de Carvalho, grande parte dessas comunidades se concentra às margens do rio Amazonas. Ela explica que a urbanização dessas cidades na Região Norte não se apoiou em uma base produtiva sólida e que, em lugares como Manaus e Belém, ocorre uma macrocefalia, ou seja, uma forte concentração de serviços em uma única área, o que atrai grande parte da população para essas regiões.