Manaus (AM) – Às margens do rio Purus, cinco peixes-bois, reabilitados pelas equipes da Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), ganharam a liberdade no fim de semana (2 e 3 de maio). A ação faz parte do ciclo de atividades em prol da conservação da espécie, realizada pelo o Projeto Peixe-boi, que recebe o apoio financeiro do Seaworld Conservation Fund.
Os peixes-bois que foram soltos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus, próximo ao município de Beruri (AM), foram recebidos pelo Inpa ainda filhotes, vítimas de caça ilegal ou de emalhe acidental, como explica a coordenadora do Projeto Peixe-boi, a pesquisadora Vera da Silva.
“O Projeto recebe esses animais, geralmente debilitados, que passam alguns anos sob nossos cuidados. Depois de reabilitados, ainda filhotes, são preparados para participarem do Programa de Soltura, e quando estão juvenis ou adultos são levados dos tanques de fibra do Inpa para os lagos seminaturais para se readaptarem às condições naturais dos rios”.
Educação Ambiental com as comunidades
As etapas que antecedem a devolução dos peixes-bois para rios são fundamentais para o sucesso do Programa de Soltura, assim como o envolvimento das comunidades do entorno da RDS por meio da Educação e Sensibilização ambiental.
“As atividades de educação ambiental com as comunidades são de extrema importância para envolver todos. Quando a comunidade aprende mais sobre a importância do peixe-boi para o meio ambiente e quando eles conhecem os animais de pertinho, o sentimento de proteção fica maior, e eles se tornam verdadeiros protetores”, esclarece a educadora ambiental Juliana Helena.
Duas fêmeas dos cinco peixes-bois soltos receberam nomes dados por estudantes das escolas da comunidade Cuiuanã durante a campanha “Peixe-boi sem nome não tem graça”. A fêmea Aysú, do tupi-guarani ‘amor’, foi encontrada filhote próximo à praia da Ponta Negra em Manaus, e a outra fêmea Tuná, também do tupi-guarani ‘água’, foi encontrada próximo ao município de Careiro da Várzea (AM).
Monitoramento pós-soltura
De acordo com o presidente da Ampa, o veterinário Rodrigo Amaral, após a soltura, os animais são monitorados por uma equipe de dois monitores, ex-caçadores de peixes-bois, os quais foram capacitados para utilizar os equipamentos de rádiotrasmissão.
“O monitoramento é uma parte fundamental do Projeto, para sabermos se a soltura de fato foi bem sucedida. A equipe coleta esses dados todos os dias em diferentes áreas da região em que eles foram soltos, assim conseguimos verificar como os peixes-bois estão se comportando e se readaptando aos rios”.
Seaworld Conservation Fund – uma parceria em prol da conservação
O Fundo de Conservação do Seaworld destina doações para a conservação dos peixes-bois da Amazônia, e colabora para que a AMPA reabilite os animais resgatados e depois de adultos, realizem a soltura e monitoramento dos animais no habitat natural.
“A gente sabe que o peixe-boi da Amazônia está extremamente ameaçado, principalmente nas situações de secas extremas, quando a caça é muito mais acentuada, o que coloca ainda mais a espécie em risco. E o Fundo de Conservação do Seaworld está nos auxiliando nesse processo de reabilitação e soltura dos filhotes órfãos resgatados”, comenta o presidente da Ampa, Rodrigo Amaral.
A expectativa para 2026 é que, pelo menos, mais dez peixes-bois sejam soltos na RDS Piagaçu-Purus, e dessa forma contribua com a manutenção das populações naturais da espécie.