Defensoria do Amazonas dá início à agenda de 2025 do projeto ‘Jornada da Mulher na Indústria’

Projeto leva educação em direitos para o enfrentamento à violência de gênero para trabalhadores e trabalhadoras do Polo Industrial de Manaus; desde 2023, 17 empresas fora atendidas e cerca de três mil pessoas alcançadas
(Foto: Marcus Bessa/DPE-AM)

Manaus (AM) – A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) deu início, nesta sexta-feira (31), à temporada de atividades de 2025 do projeto “Jornada da Mulher na Indústria”, que leva educação em direitos no âmbito das empresas para o enfrentamento à violência de gênero, tendo como público-alvo trabalhadoras e trabalhadores do Polo Industrial de Manaus. A primeira fábrica a receber a programação de palestras foi a LiteOn, localizada na avenida Torquato Tapajós, na Zona Norte da capital.

Durante as palestras, a equipe do  Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem) fez alertas sobre violência contra a mulher, detalhando os tipos de violência, explicando a Lei Maria da Penha e as Medidas Protetivas de Urgência, além de orientar sobre como buscar ajuda por meio da Rede de Proteção à Mulher.

Idealizadora do projeto, a defensora pública Caroline Braz diz que o principal objetivo é reduzir os índices de violência contra as mulheres.

Assessora técnica do Nudem, a advogada Cássia Oliveira explica que a proposta é promover direitos, apresentando informações para que as vítimas compreendam o ciclo da violência, saibam que têm esses direitos e onde denunciar.

“É muito importante trazer essas informações. Muitas vezes a pessoa está só trabalhando e não tem acesso, não sabe, por exemplo, o papel da Defensoria Pública ou que existe o núcleo especializado. Você olha no rosto das pessoas, vê que estão prestando atenção e conseguem identificar comportamentos abusivos, histórias similares às que relatamos. Nós temos retornos disso. Em muitos atendimentos no Nudem, as pessoas contam que ficaram sabendo dos serviços através do projeto e foram procurar, pedir uma medida protetiva, fazer um divórcio, que não faziam ideia que existia essa possibilidade”, conta.

 A operadora de injeção plástica Jucilene Pimenta da Silva, 62, compreende bem a importância dessas informações chegarem ao público. A industriária conta que viveu um relacionamento abusivo por vários anos, mas após receber orientação adequada conseguiu o divórcio e, antes, uma medida protetiva que garantiu que o então marido não chegasse perto dela.

“As explicações aqui foram muito claras e isso é muito bom. Eu mesmo passei por uma relação abusiva. Meu marido bebia, me ameaçava de morte. Foi muito sofrimento. Mas graças a Deus eu consegui a medida para ele sair de casa e divorciei. Hoje estou feliz, mas tem muita mulher passando por isso ainda. Eu sempre trabalhei e aconteceu isso, imagina as que dependem do marido, deve ser pior”, observa.

“A gente não pode deixar isso acontecer. Eu aconselho as mulheres que passam por esses tipos de abuso que procurem ajuda”, acrescenta a trabalhadora.

O gestor de Planejamento e Operações da LiteOn, Carlos Bessa, enfatiza que os homens também devem se engajar na luta.

“Todo mundo precisa ter acesso a essas informações e uma ação dessa traz justamente isso, que é fundamental, partindo do princípio, que na nossa fábrica 80% do público é feminina. É muito importante nossas colaboradoras saberem que tem um órgão como a Defensoria Pública, que as protege e defende”, ressalta.

“Aqui na LiteOn temos um olhar especial para as questões de gênero, buscando erradicar o assédio moral e sexual  às mulheres. E ter essa ação da Defensoria Pública na nossa empresa, dá esse ar de segurança que as mulheres precisam, do seu simples direito de ir e vir em paz, com segurança, quer seja no trabalho, quer seja em casa”, completa.

Jornada de sucesso

Desde agosto de 2023, o projeto Jornada da Mulher na Indústria já realizou atividades em 17 empresas do Polo Industrial de Manaus, alcançando cerca de três mil pessoas.

 Realizado pelo Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), em parceria com o Grupo Mulheres do Brasil, Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-AM) e o Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), o projeto é fruto de um termo de cooperação entre as instituições. 

“Essa parceria que mostra que a Rede de Proteção às Mulheres também pode ser esse local de trabalho e mostra a importância da Defensoria Pública levar informação, trabalhar na questão de levar conhecimento dos seus direitos, levar atendimento e assim reduzir os índices da violência contra a mulher”, destaca a defensora Caroline Braz.

Ampliação

Para 2025, além da educação em direitos, o projeto passa a levar atendimento jurídico gratuito para os trabalhadores nos locais de trabalho, como explica a defensora Caroline Braz.

“Neste ano, estamos retomando as palestras e além dessas informações sobre violência contra a mulher e os direitos das mulheres, nós também temos uma parceria com a Defensoria Pública, que leva a carreta da Defensoria Itinerante para realizar atendimentos jurídicos para esses colaboradores das fábricas e também para os seus familiares”, adianta.

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