EUA – Em sua primeira e aguardada entrevista após se tornar candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris disse que vai reenviar ao Congresso um projeto de lei para reforçar a segurança na fronteira, com o objetivo de evitar a imigração ilegal e o tráfico de entorpecentes.
A declaração foi feita durante uma entrevista à rede de TV americana CNN, a primeira da vice-presidente em meio a críticas dos republicanos de que ela evita entrevistas e só fala em discursos ensaiados de comícios.
Em fevereiro deste ano, o Senado dos Estados Unidos enterrou um acordo bipartidário de imigração, que perdeu apoio durante a tramitação. As negociações duraram meses, mas o texto foi rejeitado pelos republicanos. Em linhas gerais, o projeto permitiria restringir o fluxo de imigrantes na fronteira e favoreceria as expulsões aceleradas. Desde que o texto foi rejeitado, os democratas culpam os republicanos pela situação da segurança na fronteira.
Na entrevista à CNN, Kamala disse que o texto não passou por influência de Donald Trump. Segundo ela, o ex-presidente sairia perdendo politicamente se o projeto fosse aprovado. “Ele matou o projeto de lei. Um projeto de lei de segurança de fronteira que colocaria mais 1.500 agentes na fronteira“, afirmou.
Enquanto tramitava no Congresso, Donald Trump usou as redes sociais para criticar a proposta. “Apenas um idiota, ou um democrata radical de esquerda, votaria nesse horrível projeto de lei sobre a fronteira”, escreveu, à época.
Por outro lado, segundo Kamala, a proposta recebeu apoio da Patrulha da Fronteira e ajudaria a aumentar as apreensões de fentanil. A droga é um opioide altamente viciante que tem causado uma onda de overdoses nos Estados Unidos, provocando cerca de 300 mortes por dia.
“Pergunte a qualquer comunidade nos EUA que tenha sido devastada pelo fentanil o que a aprovação desse projeto de lei teria feito para resolver a preocupação e a dor que eles vivenciaram”, disse.
A democrata afirmou que, se for eleita, reencaminhará o texto sobre a segurança na fronteira ao Congresso e o sancionará após a aprovação.
A imprensa norte-americana tem avaliado que Kamala adotou uma postura mais dura em relação à imigração ilegal, o que representaria uma mudança de opinião. Durante a entrevista, a candidata disse que não mudou nenhum dos seus valores pessoais e afirmou que, como vice-presidente, viajou pelos Estados Unidos para avaliar esse tipo de problema.
“Eu acredito que é importante chegar a um consenso, e é importante encontrar um ponto comum de entendimento, onde a gente possa realmente resolver problemas“, disse.
No discurso da convenção democrata, Kamala disse que sabe da importância da segurança e proteção da fronteira, mas reforçou que é necessário um acordo sobre o tema no Congresso.
“Eu sei que podemos viver de acordo com nossa orgulhosa herança como uma nação de imigrantes e reformar nosso sistema de imigração. Podemos criar um caminho seguro para a cidadania e proteger nossa fronteira“, disse.
Fonte: g1