Manaus (AM) – O empresário Cesar de Jesus Glória Albuquerque foi preso na última terça-feira (20), no Aeroporto Internacional de Brasília, transportando R$ 1,25 milhão em espécie. A prisão deu início a uma investigação que revela suspeitas de lavagem de dinheiro, contratos irregulares com prefeituras e possível ligação com agentes políticos.
Cesar é sócio da empresa CJ Comércios e Serviços, que, embora registrada com atuação em mais de 40 ramos — como construção civil, turismo, serviços funerários e manutenção naval —, não possui sede física identificada nem funcionários oficialmente registrados.
O endereço informado no CNPJ da empresa, localizado no Km 179 da BR-174, na comunidade Nova Jerusalém, em Presidente Figueiredo (AM), corresponde a uma simples parada de ônibus, segundo imagens do Google Maps atualizadas em agosto de 2024. Mesmo assim, o CNPJ aponta capital social de R$ 2,5 milhões e entre 21 e 50 funcionários, dados que não se confirmam na prática, conforme a apuração da Polícia Federal.
Ligações políticas e contratos públicos
Durante depoimento, Cesar afirmou que a CJ mantém contratos com administrações municipais no interior do Amazonas, como a prefeitura de Presidente Figueiredo. Em 2021, a empresa foi contratada por R$ 130 mil para serviços de manutenção em botes aquáticos.
As investigações apontam ainda uma relação próxima entre o empresário e o vereador Lucas Moitinho, o mais votado de Presidente Figueiredo, filho de Vagner Santos Moitinho — que também foi preso na mesma operação. A proximidade entre Cesar e Lucas levanta suspeitas de favorecimento em contratos e articulações políticas.
PF apura uso da empresa como fachada
Segundo a Polícia Federal, a CJ Comércios e Serviços pode estar funcionando como empresa de fachada para movimentar recursos de origem ilegal, lavar dinheiro e facilitar desvios de verbas públicas.
O conjunto de indícios — ausência de estrutura real, número inflado de atividades, inconsistências no quadro de funcionários e laços com políticos locais — reforça a hipótese de um esquema sofisticado de fraudes no setor público.
As investigações seguem em andamento.