Manaus (AM) – Preso na manhã desta quarta-feira (4/010) durante a operação Tesouro Oculto da Polícia Federal, o empresário e ex-vereador Ronaldo Tabosa é acusado de liderar uma organização criminosa que atuava há décadas e gerou um prejuízo da ordem de R$ 90 milhões a Manaus.
Em coletiva de imprensa, o chefe da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários da PF, delegado Pablo Michel, afirmou, sem citar nomes, devido sigilo judicial, que o grupo criminoso liderado pelo ex-parlamentar tem um ‘modus operandi’ complexo, difícil de apurar e investigar.
“A iniciativa de constituir inúmeras pessoas jurídicas, de forma sucessiva, para dificultar a atuação dos órgãos de repressão do estado tornou as investigações mais difíceis. Mas, ainda assim, conseguimos identificar esse núcleo, que tem como líder um ex-parlamentar e basicamente toda a sua família“, explicou o delegado, ao acrescentar que, todos os “laranjas” tinham conhecimento do esquema.
“Até onde foi apurado, os laranjas tinham conhecimento sim (do esquema). Os braços direitos, testas de ferro, a maioria tinha ciência de que fazia parte de um grande esquema criminoso“, completou.
A investigação, conforme o delegado Pablo Michel, teve como base original dados da Receita federal, que identificou em Manaus empresas em operação e com lucros no mercado local, mas que não recolhiam os impostos devidos ao estado.
Com CNPJ constituído, a empreses eram criadas com o intuito de dar sequência à atividade ilegal de venda de planos de saúde sem registro na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), além de sonegar créditos fiscais, frustrar direitos trabalhistas, fraudar credores e lavar os ativos ilícitos obtidos por meio.
“O líder da organização criminosa tem como ‘modus operandi’ ocultar o patrimônio, razão pela qual batizamos a operação com o nome Tesouro Oculto.”, disse o delegado.
Além de Ronaldo Tabosa, há informações de que foram presos os filhos e os sobrinhos do suspeito.
Operação
Deflagrada nesta quarta-feira, a operação Tesouro Oculto, da Polícia Federal, que tem como objetivo combater crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, organização criminosa, fraude à execução e uso de documento falso.
A operação mobilizou cem policiais federais, que cumprem 21 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão em Manaus e Borba, locais estratégicos identificados durante as investigações.
Foi concedido judicialmente o sequestro e indisponibilidade de bens móveis e imóveis, visando a quitação da dívida perante a Fazenda Nacional no valor de R$ 90 milhões.
A investigação iniciou-se em 2019 e apurou um esquema de criação de empresas fraudulentas, por meio de organização criminosa, que fazia a utilização de “laranjas” (sem ciência da sua condição de participante na ação) e de “testas de ferro” (com ciência da participação).
A reportagem tentou falar com a defesa de Tabosa, mas não obteve êxito.