Manaus (AM) – Ex-vereadores estão entre os alvos de uma organização criminosa que movimentou aproximadamente R$ 362 milhões com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro nos últimos três anos no Amazonas. O grupo foi desarticulado pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (29), durante a Operação Linhagem, deflagrada nas cidades de Manaus, Presidente Figueiredo, Tabatinga e Santo Antônio do Içá.
Em Manaus, mandados foram cumpridos no no condomínio de luxo Forest Hill, localizado na avenida Torquato Tapajós, e também no bairro São Judas Tadeu, no Parque das Laranjeiras. Foram apreendidos carros de luxo.
Entre os investigados estão Radson Alves de Souza, ex-vereador de Tonantins (AM) e ex-candidato a prefeito pelo MDB em 2024, e sua esposa Emile Gomes Lasmar, ambos alvos de mandados de prisão. Outro ex-parlamentar envolvido é Rodolfo de Magalhães, que atuava em conjunto com o filho, Ricardo Gouvea Magalhães.
A operação, que mobilizou cerca de 100 policiais federais, cumpre 12 mandados de prisão preventiva, duas prisões domiciliares, 30 mandados de busca e apreensão (sendo 8 em empresas), além do bloqueio de contas bancárias e suspensão do exercício de cargos públicos.
Esquema familiar usava fachada empresarial e “laranjas” para lavar dinheiro
De acordo com a investigação, o esquema era liderado por uma família que vivia em um condomínio de luxo na Avenida Torquato Tapajós, em Manaus, composta por pais, filhos e noras. Eles usavam empresas de fachada para lavar o dinheiro oriundo do tráfico e contavam com laranjas, como funcionárias domésticas e parentes, para movimentar os valores.
A Polícia Federal identificou ainda o uso de helicópteros e embarcações para o transporte das drogas, com distribuição em diversas regiões do estado. Há indícios de que parte do dinheiro tenha sido usado para financiar campanhas políticas, revelando a infiltração do grupo em estruturas institucionais.
Policiais e empresários também estão entre os alvos
Além dos ex-vereadores, a organização contava com o envolvimento de policiais civis, suspeitos de facilitar a logística criminosa, e empresários ligados a atividades fraudulentas.
As ações foram coordenadas com apoio do Núcleo de Pesquisa e Investigação da Receita Federal, e buscam agora identificar outros integrantes da rede e a origem das drogas.
Penas podem ultrapassar 30 anos
Se condenados, os investigados poderão responder por crimes como tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de capitais, com penas que podem ultrapassar 30 anos de prisão.
A Operação Linhagem continua em andamento e novas prisões não estão descartadas.