Manas (AM) – A paralisação dos auditores fiscais da Receita Federal já ultrapassa quatro meses e começa a afetar diretamente as operações no polo industrial da Zona Franca de Manaus (ZFM). Com o atraso no desembaraço alfandegário de insumos, algumas linhas de produção estão sendo interrompidas, e há risco de demissões caso a situação se prolongue.
Recentemente, os auditores intensificaram o movimento com a operação “Desembaraço Zero”, aumentando o represamento de mercadorias nos Portos de Manaus. Setores como o de condicionadores de ar, um dos mais dinâmicos da ZFM, já enfrentam dificuldades no abastecimento de matérias-primas, como o gás refrigerante.
Eles reivindicam reajuste no salário básico da categoria. O movimento, que já é um dos mais longos da categoria, continua sem avanços nas negociações com o governo federal.
O principal ponto de discordância é a reivindicação por aumento salarial direto. Os auditores argumentam que o bônus regulamentado em 2024, que prevê aumentos progressivos até 2026, não substitui a necessidade de reajuste da remuneração básica. Já o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) considera o assunto encerrado, afirmando que o acordo feito no ano anterior já atende às demandas da categoria.
O Sindifisco Nacional alerta que a continuidade da greve pode comprometer ainda mais as contas públicas, enquanto o governo mantém a posição de que não há espaço para novas negociações salariais.
Em vídeo enviado ao Portal Minuto a Minuto1, o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDLM), Ralph Assayag, afirmou que os auditores fiscais da Receita Federal continuam aplicando o canal vermelho a grande parte das mercadorias que chegam a Manaus. Com isso, a escassez de produtos já começa a ser sentida, e os portos enfrentam dificuldades devido ao acúmulo de contêineres que não conseguem ser liberados.
“Eu não consigo entender por que o governo federal ainda não sentou para conversar com os auditores fiscais. O que eles querem é um aumento salarial. Isso já deveria ter sido resolvido, porque o prejuízo causado ao Brasil inteiro é tão grande que o reajuste já poderia ter sido pago. É lamentável o que está acontecendo.
Ralph ainda alertou que, caso a situação persista, as demissões serão inevitáveis, já que as mercadorias continuam retidas nos portos e não há mais como manter o fluxo de abastecimento.
“Precisamos que o governo federal interceda e apresente uma solução imediata, para que esse prejuízo gigantesco com as cargas retidas em Manaus não continue se agravando”, relatou.
A situação continua sem previsão de resolução, e os impactos econômicos tendem a se agravar se a greve persistir.
Veja vídeo: