Catar – Neste domingo (25), Hugo Calderano entrou para a história do tênis de mesa ao conquistar uma inédita medalha de prata no Campeonato Mundial, disputado em Doha, no Catar. Aos 28 anos, o brasileiro se tornou o primeiro atleta de fora da Ásia ou da Europa a alcançar a final do torneio, o segundo mais importante da modalidade, atrás apenas dos Jogos Olímpicos.
Na decisão, Calderano enfrentou o chinês Wang Chuqin, número 2 do mundo, e acabou superado por 4 sets a 1, com parciais de 12/10, 11/3, 4/11, 11/2 e 11/7. Com o resultado, Wang manteve a hegemonia chinesa, que já dura 22 anos no Mundial.
Apesar da derrota, Calderano celebrou o feito histórico:
“Não consegui apresentar o meu melhor hoje. Tenho certeza de que foi mais a parte física que pesou. O jogo da semifinal me esgotou. Tentei me recuperar, briguei até o fim, mas não tinha mais nada no tanque. Mesmo assim, foi um campeonato incrível. Se me dissessem antes que eu sairia com uma medalha, eu ficaria muito feliz”, declarou o atleta.
Caminho até a final e rivalidade com Wang
Em abril deste ano, Calderano já havia feito história ao vencer a Copa do Mundo — se tornando o primeiro jogador fora da Ásia ou Europa a conquistar o título. Na ocasião, derrotou o número 1 do mundo, Lin Shidong, na final, e Wang Chuqin na semifinal.
No Mundial, no entanto, não conseguiu repetir o feito contra Wang, que agora soma cinco vitórias em sete confrontos diretos com o brasileiro.
“Foi uma semana incrível. Vinha de um título da Copa do Mundo e sabia que seria um grande desafio manter esse nível aqui. Estou muito orgulhoso por mais uma vez conseguir jogar nesse patamar. Espero continuar evoluindo cada vez mais”, disse Calderano.
O jogo da final
O início da partida foi equilibrado. Calderano chegou a ter três set points no primeiro set, mas Wang reagiu e venceu por 12/10. No segundo set, o chinês dominou com uma sequência de dez pontos e fechou em 11/3. O brasileiro respondeu no terceiro, vencendo por 11/4, mas Wang voltou a impor seu jogo com vitórias tranquilas nos dois sets seguintes: 11/2 e 11/7.
Trajetória de sucesso e evolução
O vice-campeonato em Doha representa o melhor desempenho de Calderano em um Mundial — sua melhor marca anterior havia sido as quartas de final, em 2021. Na semifinal deste ano, ele derrotou o chinês Liang Jingkun, vingando a eliminação de quatro anos atrás.
Disputado desde 1926, o Campeonato Mundial é o torneio mais antigo e com maior número de participantes no tênis de mesa. São 128 atletas nas chaves individuais, além das disputas de duplas masculinas, femininas e mistas. Na hierarquia da modalidade, apenas os Jogos Olímpicos têm maior prestígio. A Copa do Mundo vencida por Hugo em abril ocupa o terceiro lugar nesse ranking.
O adversário: Wang Chuqin
Vice-campeão mundial em 2023, Wang Chuqin chegou ao Mundial como favorito, apesar de ter sido eliminado precocemente nas Olimpíadas de Paris por Truls Moregardh — o mesmo sueco que havia vencido Calderano na França. Mesmo assim, Wang conquistou dois ouros olímpicos: nas duplas mistas e por equipes.
Com o título em Doha, Wang se consolida como o melhor jogador do mundo na visão de muitos especialistas — posição reforçada até mesmo pelo próprio Calderano.