Manaus (AM) – Por meio da “Correção de fluxo” de estudantes, a Secretaria Municipal de Manaus (Semed) conseguiu reduzir a distorção idade-série de escolaridade dos alunos do ensino fundamental, regularmente matriculados nas unidades de ensino. Durante a gestão David Almeida, em 2021, o índice de estudantes em distorção estava em 9,4%, já em 2022 caiu para 7,8%. Um exemplo desses avanços pedagógicos é a escola municipal São Luiz, do bairro Colônia Antônio Aleixo, zona Leste, que recebeu, nesta quinta-feira (6/7), a visita da equipe pedagógica da pasta, para receber orientações sobre o processo de ensino e aprendizagem.
A Semed desenvolve a “Correção de Fluxo”, por meio dos programas “Se Liga” e “Acelera Brasil”, em parceria com o Instituto Ayrton Senna. O índice de distorção “Idade-série” é medido pela quantidade de estudantes de uma rede de ensino, que estão pelo menos dois anos atrás da fase de ensino ideal para a faixa etária.
Esse dado é obtido, por meio do “Educacenso”, uma ação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC), que permite coletar informações individualizadas de cada estudante, professor, turma e escola do país tanto das redes públicas federal, estadual e municipal quanto da rede privada.
De acordo com a coordenadora do programa “Acelera Brasil”, na Semed, Denise Costa, a iniciativa beneficia 1.912 alunos, em 2023, em toda a rede de ensino, e detalha como os programas são essenciais para estimular o pleno desenvolvimento dos estudantes envolvidos.
“Nossa secretaria funciona com os programas de correção de fluxo, porque é uma determinação do MEC, ou seja, isso tem que ser oferecido pela rede. Temos essa parceria com o Instituto Ayrton Senna desde 2014, trabalhando há 9 anos com o ‘Se Liga’ e ‘Acelera Brasil’. Assim, a gente consegue alfabetizar e suprir as demandas desses estudantes, porque, se eles ficarem em uma turma regular, não conseguem acompanhar o ritmo. Quando os alunos estão em uma turma de correção específica para trabalhar as necessidades deles, se consegue fazer essa correção”, explicou a educadora.
Avanços
Na escola municipal São Luiz, no bairro Colônia Antônio Aleixo, zona Leste, 25 estudantes são atendidos pelo programa “Se Liga” e 19 pelo “Acelera Brasil”. O professor Francisco Cunha, tutor dos programas na unidade de ensino, compartilha o dia a dia das turmas, ressaltando que o trabalho pedagógico é aliado ao diagnóstico e a rotina escolar.
“Tudo começa pela acolhida, depois o ‘fazer de casa’. O programa tem uma rotina diária e com isso desenvolvemos melhor essas crianças. A gente começa, principalmente, a partir de um diagnóstico, eu observo além da questão distorção idade-série, tem a questão da vulnerabilidade social, por trás da família dos estudantes. São muitos casos, como crianças que ficam com os avós, não têm pai, nem mãe, ou os pais trabalham muito e não conseguem acompanhar. Muitas vezes, as crianças chegam aqui e precisamos ver realmente o que precisam, além da construção do conhecimento”, comenta o professor.
Transformação
O destaque da turma é o estudante Ibson Melo, 14 anos, que mostrou como o programa tem sido essencial para transformar a vida dele e abrir oportunidades. O aluno entrou atrasado na escola, com 12 anos, mas mesmo assim possui grandes sonhos.
“Essa iniciativa tem me ajudado bastante, porque quando cheguei na escola eu não sabia muito ler e escrever. No decorrer do tempo, que fui participando, fui desenvolvendo minha escrita, leitura, vontade de estudar e consegui me organizar. Hoje, eu já sou alfabetizado. Sei ler e escrever. Quero ser jogador de futebol, gosto de educação física e matemática”, declarou.
Conceitos
O “Acelera Brasil” é um programa destinado aos alunos do 3º ao 5º ano, que já possuem noções básicas ou rudimentares de alfabetização e distorção de no mínimo dois anos, sendo dividido em quatro módulos. Ao final do ano, o estudante poderá ser acelerado em até dois anos.
Já o “Se Liga” é um projeto de alfabetização, que atende aos alunos do 1º Ano (sem vida escolar) e do 3º ao 5º ano não alfabetizados. Cada turma atende, no máximo, 25 alunos. Além da ênfase dada à leitura, a iniciativa oferece às crianças materiais específicos que facilitam e qualificam o aprendizado, bem como a promoção da autoestima dos alunos.