Manaus (AM) – Os irmãos identificados apenas como Alex e Alexandre tiveram a casa invadida e foram presos e torturados por policiais militares da Força Tática dentro do Batalhão da PM em Manaus. A prisão dos irmãos foi apontada como ilegal pela juíza Aline Kelly Ribeiro Marcovicz Lins na quarta-feira (28).
Segundo a magistrada, houve existência de vício quanto à formalidade da prisão, “tendo em vista a existência de indícios veementes de tortura por parte dos PMs contra os dois irmãos, sendo um deles solto na audiência de custódia”.
Na tarde da última terça-feira (27), os irmãos caminhavam em uma rua do bairro Betânia, na zona Sul de Manaus, quando foram abordados por policiais do Batalhão da PM. Segundo as vítimas, os PMs invadiram, sem ordem judicial, a casa de um deles à procura de entorpecentes, reviraram todos os objetos pessoais e ainda arrombaram as portas da casa do vizinho em busca de drogas, mas nada foi encontrado.
De acordo com o advogado dos irmãos, Vilson Benayon, entrar em domicílio sem mandado judicial é ilegal. “Inclusive os policiais militares desligaram o circuito interno de TV e levaram o equipamento para não gerar provas contra eles mesmos no momento da invasão à casa e revista não autorizada pela Justiça”, explicou.
Outro fato destacado pela defesa dos irmãos é que eles não foram conduzidos, imediatamente, à delegacia mais próxima, mas levados pelos policiais para o Batalhão da PM.
Tortura
De acordo com o advogado criminalista, Vilson Benayon, a prisão ocorreu por volta de 14h, os acusados foram levados para o Batalhão da Polícia Militar onde permaneceram dentro do camburão da viatura sendo interrogados pelos policiais que estavam atrás de dinheiro, droga e armas.
A dupla, já dentro do Batalhão, foi torturada e mantida em cárcere privado onde permaneceu por vários minutos no sol quente e com o carro desligado. Um deles foi retirado novamente para ser interrogado sobre onde estava o dinheiro e o resto da droga sendo agredido de novo com um pedaço de ferro nas costas, mão e na palma do pé, enquanto outros policiais circulavam na viatura com seu celular.
Rastreador
Com a localização informada pelo rastreador, tanto os familiares dos irmãos quanto o advogado de defesa se dirigiram para o Batalhão da Polícia Militar, na avenida Tefé, ao lado da Maternidade Balbina Mestrinho, onde foram proibidos de entrar no local. O advogado não tendo outra alternativa recorreu à procuradoria de prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ameaçou acionar o Ministério Público Estadual, momento em que o policial responsável da portaria informou em os custodiados iriam ser encaminhados para o 1º Distrito policial.
“Juntamos aos autos, fotografias, prints, vídeo e mapa das viaturas saindo do batalhão da polícia em direção ao primeiro distrito policial, confirmando as declarações do réu Alexandre, ao informar que foram duas viaturas a VTR 7002 e a VTR 7003, que efetuaram a prisão dos custodiados, por fim, os custodiados foram levados para o 1º Distrito Policial, por volta de 17h, onde foram interrogados e informaram a verdade dos fatos com todos os seus detalhes.”, finalizou o advogado.
Em audiência de custódia, após manifestação da defesa, um dos irmãos foi solto, o outro segue detido por já ter passagem pela justiça.