São Paulo (SP) – A decisão que anulou a ação em que o chef de cozinha Thiago Salvático pedia o reconhecimento de união estável com o apresentador Gugu Liberato foi revertida pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). Isso quer dizer que Thiago também volta à disputa pela herança.
A mudança do desembargador Galdino Toledo Júnior foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico e determina o retorno dos autos à primeira instância para que a família do apresentador possa ser citada no processo e responder ao recurso apresentado.
O desembargador também encaminhou a “suspeição” da ação para análise da Câmara Especial do Tribunal, uma vez que Thiago questionou a conduta do magistrado.
Em janeiro de 2023, o pedido de união estável foi negado pela Justiça, quando o juiz responsável extinguiu a ação. Para o magistrado José Walter Chacon Cardoso, da 9ª Vara da Família e Sucessões de São Paulo, o caso tinha sido dado como extinto “sem exame de mérito”.
Nesta semana, num outro caso envolvendo o apresentador, uma audiência sobre o testamento de Gugu terminou sem conclusão. Uma nova audiência foi marcada para 3 de julho, quando a última testemunha deve ser ouvida. O objetivo é concluir se Gugu e Rose Mirian, mãe de seus três filhos, tinham ou não uma união estável. Ela foi excluída do testamento escrito por ele em 2011.
Histórico do caso
Segundo a sentença de 15 de dezembro do ano passado, Thiago declarou que teve uma união estável com o apresentador de novembro de 2016 a 21 de novembro de 2019, quando Gugu morreu após sofrer um acidente doméstico em Orlando, nos Estados Unidos. Ele tinha 60 anos e era pai de três filhos que teve com a médica Rose Miriam Di Matteo.
O documento inicial com os argumentos da defesa do chef tinha mais de 100 páginas com fotos, conversas e momentos que os dois teriam vivido juntos em viagens.
“Deixa claro que sempre planejavam e aguardavam o ‘próximo período’ juntos”, escreveu. “Consigna a evolução dos sentimentos e afirma que planejavam constituir família, isto em novembro de 2016. Conclui que este quadro persistiu até a morte”, completou o juiz.
“Este [Gugu] residindo no Brasil e aquele [Thiago] na Alemanha. Planejamento antecede a realização e com esta não se confunde, isto admitindo a hipotética realidade dos fatos afirmados na inicial”, descreveu o magistrado.
Ainda segundo o juiz, “tudo teria ocorrido às escondidas”, a respeito da privacidade do apresentador e sem conhecimento dos parentes.
“O envolvimento clandestino, como se sabe, fora até mesmo dos âmbitos familiares das partes, não se amolda sequer em tese a uma união estável”, afirma a decisão.
Em entrevista ao Fantástico em maio de 2022, Thiago disse que tinha um relacionamento com o apresentador desde 2011. Ele esteve no velório de Gugu, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
‘Fomos tão cúmplices’
Thiago relembrou que os dois ficaram juntos por oito anos, até a morte do artista. Segundo ele, os dois tinham acesso a contas bancárias, investimentos de valores e viajavam juntos.
“Nós fomos tão cúmplices que tínhamos até mesmo acesso a algumas contas bancárias. Entendo que é difícil entender nossa relação, pois se trata de uma das maiores estrelas da televisão, e que mantinha tudo da vida privada onde deveria ser mantido com as pessoas que lhe interessava”, disse.
“Nós compartilhávamos tudo: questões de vida, rotina, trabalho e familiares (filhos) diariamente, se não estávamos juntos, nos comunicávamos via mensagens e ligações diárias”, continuou.
De acordo com o empresário, que atualmente mora na Alemanha, foram apresentadas à Justiça provas do relacionamento como mensagens de texto, fotos e a conta de investimento.
‘Acredito na Justiça’
“Eu tinha desde senhas de cartões à do Instagram. Entendo que ter acesso a uma rede social de uma das maiores figuras da televisão possa ser algo muito mais relevante e mostra o quanto eu estava presente na vida dele, pois ninguém além de nós dois tínhamos a senha. Resguardei apenas algumas fotos e vídeos”, afirmou.
Sobre a decisão que os considera como “amigos”, Thiago afirmou que irá recorrer e citou que a família de Gugu não foi ouvida. Segundo ele, a irmã do artista, Aparecida Liberato, o conheceu.
“Acredito na Justiça, não aceitarei esse tipo de preconceito. Nós tivemos uma união estável, nos moldes possíveis para um homoafetivo e pessoa pública. Devo ir a fundo com todas as minhas forças, pois não irei deixar uma única pessoa ditar a minha real história”, contou.
Fonte: g1