O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta quinta-feira (5), em Paris, que o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia precisa ser aprimorado antes de ser aprovado. Segundo ele, o texto atual representa riscos ao setor agrícola europeu, que “deve ser protegido”.
“Este acordo, neste momento estratégico, é bom para muitos setores, mas comporta riscos para os agricultores europeus”, declarou Macron, durante coletiva ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Um dos principais impasses destacados por Macron é a diferença nas regulamentações sobre o uso de agrotóxicos entre os países sul-americanos e europeus. “Como vou explicar aos agricultores que exijo que respeitem as normas, mas abro o mercado para produtos que não as respeitam?”, questionou.
De acordo com o presidente francês, o atual formato do acordo pode abrir espaço para uma importação desenfreada, enfraquecendo a agricultura local. Ele defendeu a inclusão de cláusulas de salvaguarda no tratado, por meio de um protocolo adicional que funcione como freio em situações de desestabilização do mercado.
Macron destacou ainda que sua preocupação não está relacionada à “defesa estratégica do comércio”, mas à necessidade de garantir equilíbrio entre competitividade e padrões exigidos internamente.
Lula, por sua vez, rebateu afirmando que as agriculturas brasileira e francesa podem ser complementares. O presidente brasileiro defendeu o multilateralismo e reiterou seu compromisso com a conclusão do tratado.
“Não é qualquer coisa esse acordo, é uma resposta para aqueles que não querem o multilateralismo. Nós não queremos voltar ao protecionismo”, afirmou Lula. “Eu deixarei a presidência do Mercosul com o acordo com a União Europeia firmado, e com o companheiro Macron participando da assinatura”, completou.
Após as declarações, os dois líderes seguiram para uma reunião bilateral no Palácio do Eliseu, sede do governo francês.