Quando você vai comprar produtos cosméticos, prefere aqueles apresentados como naturais, orgânicos ou veganos? Pois saiba que essa é uma tendência no Brasil e no mundo. Segundo a BioBrazil Fair, o mercado brasileiro de cosméticos naturais cresce 20% ao ano no Brasil e já movimenta R$ 3 bilhões, ficando atrás ainda dos orgânicos, no patamar de R$ 7 bilhões, conforme a Organis – Associação de Promoção dos Orgânicos. No mundo, os cosméticos veganos devem faturar US$ 28,5 bilhões até o ano de 2031, pelos dados da Allied Market Research.
Os números impressionam e seguem o movimento da sociedade em priorizar escolhas mais sustentáveis, saudáveis e que impactem menos o meio ambiente. Mas é importante prestar atenção na procedência, composição e validação de órgãos fiscalizadores em relação às marcas antes de comprar para não correr riscos de saúde, como explica Juliana Savioli Simões, coordenadora do curso de Farmácia do Centro Universitário UniMetrocamp Wyden.
“A primeira informação importante e que vale para todos os tipos de cosméticos é que a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, responsável por fiscalizar e autorizar a comercialização desses itens no país, separa esses produtos em duas classes, grau 1 e 2”, diz. “No primeiro caso, estão os cosméticos seguros e sem ativos que necessitem de comprovação da ação, como o sabonete comum de banho. Já no segundo, entram aqueles que podem trazer algum risco, por isso precisam comprovar sua ação e margens de segurança. É o caso, por exemplo, do sabonete para acne com ácido salicílico ou um protetor solar FPS30, e isso tem que ser observado no momento da compra também, se existe a autorização da Anvisa”.
Em complemento, Juliana destaca que, em termos de composição, para ser considerado natural, o cosmético precisa ter pelo menos 95% de sua matéria prima com essa característica, seja de origem mineral, animal ou vegetal, e apenas 5% de substâncias sintéticas. “Em relação aos veganos, devem ser livres de componentes animais, derivados do petróleo, derivados de propileno, amônia, conservantes sintéticos, corantes e fragrâncias sintéticas, substâncias geneticamente modificadas e substâncias testadas em animais ou provindas de sofrimento animal”, enumera. “Já os orgânicos são aqueles que possuem na sua formulação componentes com certificação orgânica, em que os clientes podem rastrear a sua origem, além de não possuírem organismos geneticamente modificados e não serem testados em animais”.
Cuidado com informações erradas e mitos
A professora alerta para a proliferação de informações equivocadas sobre esses tipos de cosméticos que circulam pela internet e pelas redes sociais. “Muita gente pensa que, apenas por ser rotulado como natural, orgânico ou vegano, o produto pode ser usado por todo mundo. Mas, assim como os cosméticos regulares, eles também podem conter substâncias prejudiciais para algumas pessoas. O ácido salicílico e retinóico, por exemplo, deve ser evitado por mulheres grávidas e crianças”.
Da mesma forma, ensina Juliana, não é razoável esperar que misturas caseiras feitas em casa com ingredientes naturais tenham a mesma eficácia dos produtos industrializados. “Primeiro há o risco de contaminação microbiológica nesse preparo, e os resultados cosméticos estão diretamente ligados à concentração do princípio ativo, o tamanho da partícula e o veículo que é usado. A indústria possui tecnologias que garantem as quantidades corretas mesmo nas composições naturais. Nos chamados nano cosméticos, há uma alta concentração de princípio ativo em apenas algumas gramas de produto”.
De forma geral, a professora da Wyden recomenda que os consumidores sempre consultem os rótulos desses produtos, para examinar sua composição e se possuem a autorização da Anvisa, o que pode ser checado no site da agência também. “É importante igualmente conhecer a história e a filosofia da empresa fabricante do produto e, se tiver dúvidas, buscar a orientação de um profissional, seja na área estética ou dermatológica, para indicar as melhores opções de tratamento e cuidados”.