Envira (AM) – Com uma população de pouco mais de 17 mil habitantes, o município de Envira (a 1.200 km de Manaus) enfrenta uma das secas mais severas dos últimos anos, de acordo com o governo do estado. O fenômeno já afetou cerca de 10 mil pessoas, isolando comunidades, encalhando embarcações e causando problemas de abastecimento de insumos no município.
A seca no Amazonas chegou antes do previsto, colocando várias cidades em estado de emergência por estiagem. O governo estadual prevê que a situação este ano pode ser ainda pior do que a registrada no ano passado, quando ocorreu a maior seca da história do estado. Até o momento, 20 dos 62 municípios do Amazonas já estão em situação de emergência. Em Manaus, o nível do rio Negro baixou 54 centímetros só em julho.
Em Envira, a seca do ano passado também trouxe problemas significativos, mas este ano o fenômeno começou mais cedo. Em 16 de julho de 2023, o Rio Tarauacá, que banha a cidade, media 8,55 metros. Nesta terça-feira (16), um ano depois, o nível do rio estava em 5,26 metros. Na foz do Rio Jurupari, um afluente do Rio Envira, já é possível atravessar o leito a pé, com as águas medindo 1,22 metro, comparado aos 6,77 metros do mesmo período no ano passado.
Segundo dados da Defesa Civil, sete mil pessoas já foram impactadas pela seca dos rios Tarauacá e Envira na sede do município, e outras três mil sofrem com os efeitos na zona ribeirinha. A situação crítica levou a prefeitura a decretar estado de emergência.
A distância do município agrava o problema. Normalmente, é mais fácil e vantajoso chegar a Envira por Feijó, no Acre, a 89 km de distância, usando barco ou avião. No entanto, com a seca, o transporte, que já era difícil, tornou-se ainda mais desafiador. No Acre, a seca também é um problema, poucos meses após o estado enfrentar uma cheia recorde em fevereiro.
A estiagem também acendeu um alerta na área da saúde em Envira. Segundo o secretário de saúde Maronilton Silva, o município pode ficar sem oxigênio. “Hoje, a nossa logística se faz através do estado do Acre, saindo as balas (cilindros) de oxigênio de Feijó. Isso levava dois, três dias. Hoje, são 11, 12 dias para o oxigênio chegar a Envira. Ainda não temos usina, ficamos no aguardo, vamos precisar tomar medidas para não ficarmos sem o insumo.”
As previsões indicam que a seca em 2024 pode ser tão severa quanto a de 2023. O governo estadual decretou estado de emergência em 20 municípios e emergência ambiental no estado devido a queimadas. As ações incluem abastecimento de água potável, insumos e medicamentos para a saúde, produção rural, logística para a manutenção da rede estadual de educação, ajuda humanitária e dragagem dos rios.
A secretária de saúde, Nayara Oliveira, informou que municípios da calha do Juruá, como Guajará, Envira e Ipixuna, já estão recebendo medicamentos e insumos para a saúde, uma vez que a vazante dos rios já prejudica o transporte fluvial.