Manaus (AM) – No final da tarde deste sábado (15/6), o 3º sargento PM Clóvis, um dos oito policiais militares investigados por tráfico de drogas, se entregou no Núcleo Prisional da PM, no Km 8 da BR-174 (Manaus – Boa Vista).
Com essa última prisão efetuada, a Operação Audácia, deflagrada pela 60ª Promotoria Especializada no Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público do Estado do Amazonas (Proceap/MPAM), em conjunto com as polícias Civil e Militar, via Departamento de Justiça e Disciplina (DJD), cumpre todos os mandados de prisão preventiva.
Neste momento, o promotor de Justiça Armando Gurgel Maia irá preparar a denúncia, inclusive determinando se os oito PMs estavam traficando ou se tratava-se de “arrocho”, isto é, de droga apreendida de outro traficante.
As prisões são resultados do cumprimento de oito mandados de prisão preventiva e oito de busca e apreensão, relativos à prática do crime de tráfico de drogas, com base em um procedimento investigatório-criminal da Proceap. Dos cinco PMs presos, um se entregou na sede do MPAM, minutos antes da coletiva de imprensa, na manhã desta sexta-feira. Outros três policiais militares estão foragidos. Os nomes deles e fotos serão encaminhados à Interpol.
A operação teve origem em uma denúncia encaminhada ao MPAM, via disque-denúncia 181, de uma grande quantidade de drogas, sendo manuseada por policiais militares na rua Ana Nogueira, no bairro Educandos, Zona Sul de Manaus.
Por meio de diligências, inclusive imagens de um sistema de segurança comunitário, e cruzamento de dados, a investigação chegou aos oito PMs envolvidos no crime — sendo quatro do Batalhão de Policiamento de Trânsito e outros quatro da 2ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), entre cabos, sargentos e um tenente do quadro administrativo.
Crime foi praticado em viaturas do IESP e Cicom
Titular da Proceap, o promotor de Justiça Armando Gurgel Maia afirmou, com base no material reunido, que os policiais se dirigiram àquela localidade, no dia 17 de maio, e começaram a abastecer uma viatura da Polícia Militar, que estava a serviço do Instituto de Ensino de Segurança Pública.
“Foram colocados 16 sacos brancos de fibra, com capacidade para 50 quilos, dentro desse veículo oficial e um outro saco foi colocado em uma viatura da 2º Cicom, juntamente com uma mochila vermelha. Posteriormente, apuramos que houve um registro dos policiais na 2ª Cicom de que estavam fazendo patrulhamento ostensivo naquele lugar e encontraram quatro indivíduos — um deles portando esse saco de fibra desse mesmo tipo — e eles, ao verem a viatura, empreenderam fuga”, explicou o promotor Armando Gurguel, complementando que o saco foi levado ao 1º Distrito Policial, onde o conteúdo, após perícia, foi identificado como três tabletes de maconha prensada.
Nessa mesma data, segundo o promotor Armando Gurgel, a Rota Ostensiva Cândido Mariano (Rocam) recebeu um boletim de ocorrência de que, naquele local, também havia ocorrido a presença de policiais na posse de grande quantidade de drogas. Após deslocamento até o endereço, porém, não foram encontrados os policiais ou qualquer quantidade de entorpecente. “Mas, nos becos, encontraram uma casa vazia, apenas com uma prensa hidráulica, três caixas de armas de fogo e droga (cocaína e maconha). Diante desses fatos, verificamos os vídeos e foi possível ver que não havia nenhuma situação como a descrita no primeiro boletim de ocorrência, com quatro indivíduos abandonando uma sacola. Na verdade, o que existia eram 17 sacolas com drogas, sendo 16 colocadas em uma viatura e uma em outra — sendo essa única utilizada para fazer esse falso registro como história de ‘cobertura’”, complementou.
Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidas pistolas e munições, que serão periciadas. Se forem da corporação, serão devolvidas à PM, caso contrário permanecerão sob custódia.