Manaus (AM) – Deflagrada pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), com apoio da Polícia Militar (PM), na terça-feira (29/4), a segunda fase da Operação Renorcrim resultou no cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão, além do sequestro de bens e bloqueio de contas bancárias. O prejuízo estimado ao crime organizado é de R$ 54 milhões.
Durante a ofensiva, foram apreendidas armas de fogo, munições e bolsas de veículos — algumas de luxo. Esta já é considerada a maior operação contra a lavagem de dinheiro realizada pela Polícia Civil do Amazonas.
Além do Amazonas, a operação foi realizada nos estados do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e São Paulo. O grupo criminoso investigado tem envolvimento com tráfico de drogas e lavagem de capitais.
O delegado-geral da PC-AM, Bruno Fraga, destacou o trabalho das equipes da DRCO e ressaltou as investigações iniciadas em Manaus.
“Foi um trabalho de inteligência que culminou no sequestro de bens avaliados em R$ 54 milhões, além da apreensão de sete veículos em São Paulo, dez veículos em Manaus, prisão de oito pessoas e retirada de três armas de fogo de circulação”, afirmou o delegado-geral.
Investigações
De acordo com o delegado Mário Paulo, diretor da DRCO, as investigações foram realizadas no início de setembro de 2024, quando mais de duas toneladas de drogas foram apreendidas em um caminhão transportado para embarcar no porto da Ceasa, na zona Sul da capital. Na ocasião, apenas o motorista do veículo foi preso. A partir daí, as investigações avançaram para identificar os responsáveis pela carga ilícita, o que levou à identificação de três pessoas em Manaus.
“Eles costumavam contratar motoristas para transportar grandes cargas de drogas até o estado de São Paulo. Com a rota da droga identificada, relataram a investigação o caminho do dinheiro. A análise financeira mostrou que os valores, por vezes, saíram diretamente de contas em São Paulo para o Amazonas, e em outros benefícios, passando por contas em estados do Nordeste antes de chegarem ao destino final”, detalhou o delegado.
Segundo ele, as movimentações financeiras foram realizadas por meio de empresas fantasmas — que não emitiam notas fiscais nem tinham funcionários — e por pessoas físicas laranjas, alguns beneficiários de programas sociais, sem capacidade financeira ou qualquer vínculo com os principais investigados em Manaus.
“Com base nesses elementos, representamos à Justiça pela decretação da prisão preventiva de três principais alvos, mais cinco prisões temporárias, 18 mandados de busca e apreensão e o sequestro de veículos. Esses mandados foram cumpridos ontem em Manaus e nas capitais São Paulo, Natal, Fortaleza e João Pessoa”, Mário Paulo.
Recuperação de ativos
O delegado Fabiano Pignata, diretor do Núcleo de Recuperação de Ativos (Nurati), informou que o núcleo irá operacionalizar o rastreamento e eventual reversão do fluxo financeiro desviado pela organização criminosa.
“Vamos trabalhar para reverter parte dos valores obtidos ilicitamente e direcioná-los ao Fundo de Reaparelhamento da Polícia Civil”, afirmou Pignata.
Durante a coletiva, o tenente-coronel Marcos Almeida, subdiretor da Diretoria de Justiça e Disciplina (DJD) da PMAM, reforçou o compromisso da Polícia Militar com a ética, a legalidade e o combate à criminalidade, especialmente quando envolve possíveis desvios por parte de seus membros.
“Serão instaurados procedimentos disciplinares para apurar a conduta dos envolvidos. Ressaltamos que a operação ainda está em andamento, portanto, não podemos divulgar mais detalhes neste momento, a fim de não comprometer as investigações”, finalizou o tenente-coronel.


Ação integrada
A Operação Renorcrim é uma iniciativa da Rede Nacional de Unidades Especializadas no Enfrentamento às Organizações Criminosas, coordenada pela Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi), da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
Nesta segunda fase, a operação conta com a participação da Companhia de Operações Especiais (COE) da PMAM; da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil do Ceará (PCCE); da Draco, da Polícia Civil da Paraíba (PCPB); da Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor), da Polícia Civil do Rio Grande do Norte (PCRN); e do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil de São Paulo (PCSP).