Em entrevista a uma TV argentina, o papa Francisco declarou que o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) foi condenado sem provas e disse que o impeachment da ex-chefe do Executivo Dilma Rousseff foi injusto. O pontífice conversou com o canal da CHN antes de ser internado na última quinta-feira (30), por infecção respiratória.
O papa defendeu que Lula foi vítima de lawfare – uso indevido do sistema legal e das leis para outros fins, como política ou perseguição pessoal. O pontífice destacou que foram criadas reportagens para condenar o presidente, mas não foram apresentadas provas sobre o crime.
“O lawfare abre caminho nos meios de comunicação. Deve-se impedir que determinada pessoa chegue a um cargo. Então, o pessoal os desqualifica e metem ali a suspeita de um crime. Então, faz-se todo um sumário, um sumário enorme, onde não se encontra [a prova do delito], mas para condenar basta o tamanho desse sumário. ‘Onde está o crime aqui?’ ‘Mas, sim, parece que sim…’ Assim condenaram Lula”, declarou o Papa.
Durante a entrevista, o líder católico teceu duras críticas ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma. “Não puderam [comprovar] Uma mulher de mãos limpas, uma excelente mulher”, ressaltou o pontífice.
Processos de Lula
O Supremo Tribunal Federal (STF) anulou os processos contra o presidente Lula em 2021 por questões técnicas em torno da condução do julgamento pelo ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR).
Lula foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro pelo ex-juiz da Operação Lava Jato.
O atual presidente deixou a cadeia em 8 de novembro de 2019, após 580 dias presos na Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba.
Impeachment de Dilma
Com grandes discussões no Congresso Nacional, a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment em 2016, após ser acusada de “pedaladas fiscais”, um tipo de manobra contábil realizada pelo Executivo para cumprir as metas fiscais.
Em 2022, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou as contas presidenciais de 2015 e 2016, os dois últimos anos de governo Dilma. Para o relator da proposta, Enio Verri (PT-PR), a ex-chefe do Executivo foi afastada do cargo por um “golpe” baseado em falsas alegações.