Polícia indicia advogada por tentar extorquir colega acusado de estupro em Manaus: ‘acordo de R$ 500 mil’

Polícia Civil aponta tentativa de obter R$ 500 mil em troca do silêncio sobre suposto abuso; Adriane Magalhães nega e diz ser alvo de retaliação por defender vítima de violência sexual
(Foto: Divulgação)

Manaus (AM) – A advogada Adriane Cristine Cabral Magalhães foi indiciada pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) pelo crime de extorsão. A decisão, assinada pela delegada Grace Louisa Souza Jardim, aponta que a profissional teria proposto um acordo financeiro de R$ 500 mil para que a vítima de um suposto estupro não denunciasse o caso formalmente nem o expusesse à imprensa. O investigado pelo crime de abuso sexual é o também advogado Francisco Charles Garcia Júnior, denunciado por uma ex-funcionária no início de abril.

Segundo o relatório final assinado pela delegada Grace Louisa Souza Jardim, a advogada Adriane teria sugerido um “acordo financeiro” para evitar a divulgação pública de uma acusação de estupro contra Charles, supostamente cometido contra uma ex-funcionária do escritório dele, a recepcionista Marcella Nascimento.

O inquérito policial, que agora será encaminhado ao Ministério Público do Amazonas (MP-AM), inclui áudios, mensagens de texto e depoimentos de testemunhas que reforçam a versão de que a advogada teria tentado negociar o silêncio da vítima. Um dos depoimentos é do também advogado Antônio Lúcio Maia, que afirma ter participado de uma reunião com Adriane na qual ela teria proposto o pagamento de R$ 500 mil para “resolver o caso”. Segundo ele, a proposta partiu da própria Adriane e teria o objetivo de evitar que a denúncia fosse levada às autoridades ou à imprensa.

Adriane Magalhães nega veementemente as acusações e afirma que a denúncia é uma tentativa de intimidação, comum em casos de violência sexual. A advogada declarou que jamais pediu dinheiro e que procurou a esposa de Charles apenas para informá-la da gravidade dos relatos feitos pela vítima. “Minha postura sempre foi pautada pela legalidade e pela transparência”, afirmou.

Ela ainda acusa o advogado do investigado de ter sido o primeiro a propor um pagamento de R$ 50 mil por supostos “direitos trabalhistas”, e afirma que atua pro bono no caso. “Não houve qualquer proposta de acordo no âmbito criminal. O crime de estupro é de ação penal pública incondicionada e não comporta tratativas extrajudiciais”, disse em nota.

A defesa de Adriane também aponta que o inquérito foi instaurado somente após a denúncia de estupro ganhar repercussão pública, e questiona o motivo da demora na apresentação da suposta extorsão à polícia.

Relembre

O caso original que deu origem ao conflito envolve a denúncia feita por Marcella Pinto contra Charles Garcia Júnior, registrada em 7 de abril. Segundo a vítima, os abusos ocorriam dentro do escritório onde trabalhava e eram acompanhados de ameaças veladas.

Suposta vítima de estupro, Marcela falou detalhes durante coletiva de imprensa em Manaus
A investigação sobre o crime de estupro segue em andamento na Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher (DECCM), com medidas protetivas já deferidas pela Justiça.

Enquanto isso, o novo desdobramento promete acirrar ainda mais o embate entre os envolvidos e pode gerar consequências jurídicas paralelas.

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