A polícia da Índia está investigando uma professora da região de Uttar Pradesh que aparece em uma gravação ordenando que os alunos batessem no rosto de uma criança muçulmana. O menino é filmado chorando ao levar um tapa.
Segundo a rede estatal britânica “BBC”, ele errou a resposta da tabuada. A autenticidade do vídeo foi confirmada por autoridades indianas. A região é governada pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP) que, segundo organizações de direitos humanos, alimentam os crimes de ódio na região.
A visão foi replicada pelo líder da oposição indiana, Rahul Gandhi.
“Semeando o veneno da discriminação nas mentes de crianças inocentes, transformando um lugar sagrado como a escola num mercado de ódio”, publicou ele na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter.
O vídeo foi gravado na última quinta-feira (24) na cidade de Muzaffarnagar.
Intolerância religiosa na Índia
Durante a divisão britânica, pós-colonização, o território tomado pelos europeus foi dividido entre Índia e Paquistão, principalmente separados por religião, deixando a maioria hindu na Índia e a maioria islâmica no Paquistão.
Essa movimentação fez com que alguns locais acabassem permanecendo com gestão própria em forma de protetorados ou de reinos, como o caso da Caxemira, mais ao norte da Índia, em divisa com o Paquistão.
Segundo João Paulo Nicolini, especialista em Índia e doutorando em ciência política pela Universidade Católica de Louvain (Bélgica), a Caxemira era governada por hindus, mesmo com uma população majoritariamente muçulmana.
A aproximação desse governo com Delhi e com as elites indianas fez com que a maior parte do território ficasse com a Índia durante a separação. A mudança alimenta até os dias atuais um sentimento segregativo dentro da Índia, muitas vezes sustentado pelos partidos mais nacionalistas.
Segundo dados divulgados em 2023 pelo governo indiano, cerca de 197 milhões de muçulmanos vivem no território.