Manaus (AM) – A solidariedade entre os servidores do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) tem criado um movimento de apoio mútuo dentro da Corte de Contas, que tem transformado a maneira como os colaboradores se relacionam e se ajudam. A história de dona Joana Araújo, 52, zeladora terceirizada do TCE-AM, é um exemplo de como pequenos gestos podem gerar grandes mudanças na vida das pessoas.
“Olha aqui, eu ganhei as coisas pra ti, olha, filha…”. Ao ver os materiais odontológicos doados para a filha, a estudante de odontologia Déborah Christine Lima dos Santos, 22, dona Joana não pôde conter a emoção. A cena aconteceu em uma videochamada, onde mãe e filha, com lágrimas nos olhos, celebraram o gesto de solidariedade. “Mentira, mãe! Obrigada, obrigada, muito obrigada…”, disse a filha, sem conseguir esconder as lágrimas.
A doação foi possível graças à ‘Caixinha de Desejos’, uma das iniciativas que surgiram no TCE-AM, que conecta os servidores a necessidades específicas de outros colaboradores. Dona Joana nunca imaginou que um gesto simples – o de participar de um bazar solidário – resultaria em uma ajuda valiosa para a filha.
“São materiais caros, e isso vai ajudar muito. Eu não teria condições de comprar tudo, então fico muito grata a todos que participaram dessa ação”, afirma dona Joana, com a voz emocionada.
“Caixinha de Desejos” e o Brechó Solidário
O que começou como um bazar gratuito, realizado pelo Departamento de Gestão de Pessoas (Degesp) para promover o desapego e a solidariedade, logo se transformou em uma ação permanente e mais abrangente. Jeane Benoliel, chefe do Degesp, conta como a ideia surgiu. “Percebemos a necessidade de criar algo mais perene, que incentivasse a solidariedade diária entre os servidores. O sucesso do bazar gratuito, com milhares de itens doados, nos mostrou que a solidariedade é um valor presente no coração de todos os nossos colaboradores”, relatou.
Com isso, o “Brechó Solidário” foi estabelecido de forma permanente, e a ‘Caixinha de Desejos’ passou a ser uma ferramenta para atender necessidades mais específicas. “Nosso objetivo é que as pessoas tragam doações continuamente, sem precisar acumular uma grande quantidade para poder entregar. Qualquer item é bem-vindo, como uma vestimenta, uma lata de leite, um quilo de arroz”, explica Jeane. E, para quem tem necessidades mais específicas, a Caixinha permite que os servidores façam pedidos diretos de itens que precisam.
Integração
Para Jeane, o sucesso da ação vai além dos números. “O que estamos vendo é um impacto direto no clima organizacional, um envolvimento genuíno entre servidores, estagiários e terceirizados, que se sentem parte de um ciclo virtuoso de solidariedade”, destaca. O envolvimento dos colaboradores – que participam tanto doando quanto recebendo – fortalece o senso de coletividade e cria um ambiente mais colaborativo e humano dentro do tribunal.
A ação solidária tem se tornado um modelo, e o Degesp já começou a receber solicitações de outros órgãos públicos interessados em adotar iniciativas semelhantes. “Estamos vendo que o TCE-AM pode servir como exemplo para outras instituições públicas. A ideia de reaproveitar itens e ajudar quem está em necessidade vai além de um gesto de bondade; é uma ação permanente de sustentabilidade e responsabilidade social”, afirma Jeane.
A conselheira-presidente do TCE-AM, Yara Amazônia Lins, também se mostrou entusiasmada com a iniciativa e sua repercussão no ambiente de trabalho. “Estamos muito felizes com a criação desse espaço de solidariedade, de iniciativa dos próprios servidores. A ideia de que todos, independentemente da função, possam participar desse movimento de apoio mútuo é algo que fortalece nossa instituição. Espero que essa cultura se espalhe e inspire outras entidades públicas”, disse.
“Acredito que, com o tempo, a ideia vai se consolidar ainda mais. Estamos criando uma rede de apoio, um ciclo virtuoso, que só tende a crescer. O Tribunal de Contas do Amazonas tem o compromisso de fomentar a solidariedade, e o exemplo do TCE-AM pode inspirar outras instituições a seguirem o mesmo caminho”, concluiu Jeane.