A partir de maio, o Sistema Único de Saúde (SUS) começa a oferecer um novo exame para a prevenção do câncer do colo do útero. Trata-se do teste molecular de HPV, que promete detectar precocemente o vírus causador da doença — antes mesmo de haver alterações nas células do útero, como ocorre no exame tradicional, o Papanicolau.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa é de 17 mil novos casos da doença no Brasil em 2025. O principal causador é o papilomavírus humano (HPV), transmitido principalmente por contato sexual.
O novo exame será introduzido de forma gradual, com início em Pernambuco, estado onde já foram testadas 27 mil mulheres. A expectativa do Ministério da Saúde é ampliar a oferta ao longo do segundo semestre deste ano.
“A perspectiva é que ele vá ganhando outros estados no país e tenha uma dinâmica ainda maior”, afirmou Mozart Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde.
Diferenças entre os exames
Enquanto o Papanicolau identifica alterações celulares que podem indicar câncer ou lesões pré-cancerígenas, o novo teste detecta diretamente o DNA do HPV. Isso permite um diagnóstico mais precoce, oferecendo mais tempo para o acompanhamento e tratamento.
De acordo com o ginecologista Anderson Bruno, da Santa Casa de Belo Horizonte, com a nova estratégia será possível aumentar o intervalo entre os exames:
“Sabemos que, estatisticamente, o teste molecular feito a cada cinco anos é mais eficaz para prevenir o câncer do colo do útero do que o Papanicolau feito a cada dois anos. Com ele, vamos focar o acompanhamento nas pacientes com resultado positivo para o HPV”, explicou.
Impacto para as pacientes
A coleta continua sendo feita da mesma forma nos consultórios ginecológicos. A principal mudança está na forma como o material coletado será analisado.
Marcelo Soares, chefe do Programa de Oncovirologia do INCA, destaca que o teste molecular antecipa a detecção do risco:
“Ele permite identificar o vírus anos antes de qualquer lesão aparecer, o que amplia o caráter preventivo da iniciativa.”
A professora do Departamento de Ginecologia da UFMG, Andrezza Vilaça, reforça a eficácia do método com base em estudos internacionais:
“Trata-se de um rastreamento recomendado pela OMS. Quando adotado de forma organizada, proporciona um cuidado mais eficaz às mulheres portadoras do vírus, ajudando a evitar o avanço para estágios mais graves da doença.”
Histórias reais mostram importância do exame
A auxiliar administrativa Luciene Fernandes, mãe recente, admite que demorou para fazer o Papanicolau, mas reconhece a importância do exame:
“A gente acaba esquecendo de nós mesmas para cuidar dos outros, e o tempo vai passando. Mas isso é muito importante”, disse.
O avanço no rastreamento do câncer de colo do útero representa um passo importante para a saúde da mulher no Brasil, unindo tecnologia e prevenção para salvar vidas.