VÍDEO: ‘Dama do Tráfico’ é presa na zona Norte de Manaus

Mulher do narcotraficante “Tio Patinhas”, Luciane Barbosa Farias foi condenada a dez anos de prisão por lavagem de dinheiro

Manaus (AM) – A Polícia Civil amazonense prendeu, na tarde desta quarta-feira (28/5), a ex-estudante de direito Luciane Barbosa Farias, a “Dama do Tráfico” amazonense. Ela é casada há 13 anos com Clemilson dos Santos Farias, o “Tio Patinhas” – um narcotraficante que é considerado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) como um dos principais líderes da facção no Estado. 

Em janeiro deste ano, ela foi condenada a dez anos de prisão pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) por lavagem de dinheiro, organização criminosa e associação para o tráfico. Luciane participou de reuniões nos ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos em 2023, no começo do governo Lula (PT).

Luciane é casada há 13 anos com Clemilson dos Santos Farias, o “Tio Patinhas” – um narcotraficante que é considerado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) como um dos principais líderes da facção no Estado. 

À época das reuniões em Brasília, Luciane se apresentava como presidente do Instituto Liberdade do Amazonas (ILA). Criada em abril de 2022, a ONG seria financiada pelo crime organizado, de acordo com inquérito sigiloso da Polícia Civil do Amazonas obtido pelo Estadão. Atualmente, a ONG se encontra desativada.

A prisão de Luciane foi feita no bairro Cidade de Deus, na Zona Norte de Manaus. Ela foi detida por policiais da Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações (Derfed). A corporação divulgou um breve vídeo mostrando o momento da prisão.

Luciane está de blusa rosa e calça jeans e sai da casa onde se encontrava acompanhada de agentes fortemente armados.

Ao condenar Luciane, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) entendeu que ela atuava como braço financeiro do Comando Vermelho no Amazonas, cuidando das operações de lavagem de dinheiro do grupo.

O caso das visitas a prédios do governo federal foram revelados pelo Estadão. Uma série de reportagens mostraram que ela esteve em Brasília pelo menos três vezes: em março, em maio e em novembro de 2023.

Em março de 2023, ela conversou com o então secretário de Assuntos Legislativos da Pasta, Elias Vaz. Pouco mais de um mês depois, se reuniu com Rafael Velasco Brandani, então titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen); Paula Cristina da Silva Godoy, então na Ouvidoria Nacional de Serviços Penais (Onasp); e Sandro Abel Sousa Barradas, então diretor de Inteligência Penitenciária. O nome de Luciane foi omitido das agendas oficiais das autoridades.

A condenação de Luciane já transitou em julgado, ou seja, não cabem mais recursos. O último apelo da defesa foi rejeitado em novembro de 2024, por unanimidade dos 11 ministros.

Inocentada em primeira instância, Luciane Barbosa Farias foi depois condenada em segunda instância pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). Os advogados dela e de Tio Patinhas acionaram o STF para pedir o recálculo de um dos prazos recursais. No agravo ao STF, os defensores alegam que o cálculo do prazo foi feito de forma equivocada. Os advogados também recorreram diversas vezes ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao longo deste ano, mas foram derrotados.

O Ministério alega que Luciane estava como “acompanhante” nas reuniões e que era “impossível” o setor de inteligência detectar previamente a presença dela. A advogada responsável por agendar as audiências, segundo o Ministério, seria a ex-deputada estadual do PSOL Janira Rocha. Ela também recebeu pagamentos da facção criminosa, conforme revelou o Estadão à época.

Segundo as investigações que levaram à condenação de Luciane, ela lavou dinheiro do marido, obtido por meio do tráfico. Por isso o Ministério Público do Amazonas a caracterizou como “comparsa” de Tio Patinhas. “Ao tempo em que aparecia como esposa exemplar, era o ‘braço financeiro’ de Tio Patinhas. Exercia papel fundamental também, na ocultação de valores oriundos do narcotráfico, adquirindo veículos de luxo, imóveis e registrando ‘empresas laranjas'”, diz um trecho da denúncia.

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