Rio Negro (AM) – O espetáculo teatral ‘Tempestade em Copo D’Água’ encantou a Comunidade Três Unidos, na região do Rio Negro, no Amazonas. A apresentação de 14 jovens indígenas e ribeirinhos teve infraestrutura de palco, iluminação, trilha sonora e figurino original. Na plateia, artistas experientes aplaudiram a história de Juma e Moema, que traz sonhos, desejos e o cotidiano de comunidades amazônicas.
A peça teatral é resultado de dois anos de atividades educativo-culturais realizadas pelo Projeto Grupo de Amigos Representando Ideias (Gari), envolvendo jovens da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista e da Área de Proteção Ambiental (APA) Aturiá-Apuazinho. A apresentação ocorreu na noite do sábado, 23 de março de 2024,
Para o coordenador do Gari, Adriano Rodrigues, só foi possível alcançar o protagonismo e o nível de qualidade nas expressões artísticas porque houve envolvimento, esforço e compromisso de todos.
“É a sensação de missão cumprida. Acima de tudo, podemos comprovar o poder da arte. Esses jovens, que eram retraídos, apresentaram pra gente um teatro de ‘gente grande’. Ter o retorno dessa plateia emocionada é a resposta de que o Gari funcionou pra todos nós”, comemora.
A apresentação contou com o patrocínio do Instituto Alair Martins (IAMAR) e apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), do Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê), da Fundação Amazônia Sustentável e do Restaurante Sumimi.
Teatro na floresta
O teatro na floresta teve direito a cenário montado às margens do Rio Cuieiras, trilha sonora original interpretada ao vivo e figurino assinado pelo estilista indígena Maurício Duarte. No palco, os jovens atuaram e cantaram suas histórias, seus sonhos e seus desejos, em noite de festa na comunidade Três Unidos, terra dos Kambeba.
Para a jovem Geovana Barbosa, protagonista no espetáculo e no projeto Gari, a apresentação marca a história da comunidade e renova a esperança no futuro.
“É uma felicidade muito grande, um verdadeiro sonho ver um espetáculo aqui na aldeia. Eu cresci e nunca vi nada igual. Ver meus irmãos, meus primos, meus parentes tendo tudo isso, é um orgulho, uma felicidade pra mim. Eu acredito que virão novas oportunidades para outros jovens porque ciclos se encerram mais outros se abrem”, reflete.
O projeto cultural, que contou as fases de autoconhecimento, oficinas e produção do espetáculo, também ampliou a visibilidade da comunidade. Neurilene Cruz, mãe de dois jovens artistas que se apresentaram, relata as transformações em dois anos de atividades no Gari.
“A importância desse projeto pra nós foi muito grande. Mudou a vida dos meus filhos em relação à disciplina, e a saber a diferença de um caminho bom ou um caminho ruim. Pra comunidade foi muito melhor porque mostrou para as pessoas o nosso potencial e divulgou o nosso povo. A gente trabalha com o turismo e isso só mostra o talento que nós indígenas temos”, ressalta.
Protagonismo
O enredo intercultural do espetáculo apresenta fragmentos da cultura caboclo-ribeirinha, como a ‘Festa do Divino’; de pérolas da música nacional, como ‘Brasileirinho’; e até de um clássico musical do cinema, o ‘Cantando na Chuva’. Prova de que a criatividade não tem limites quando é incentivada por instituições que promovem as conexões necessárias para isso.
Nesta fase final, o projeto contou com o patrocínio do Instituto Alair Martins (IAMAR), que proporcionou recursos para a logística da apresentação na comunidade. Ludmila Monteiro de França, gerente executiva do instituto, reconhece o talento dos jovens e celebra os resultados.
“Foi muito emocionante para todos nós que viemos. É uma coroação de um trabalho longo, de dois anos, em que a gente pôde observar a evolução, o protagonismo de cada jovem envolvido, o crescimento de cada um. A gente pode dizer que o empreendedorismo é uma atitude diante da vida e eles demonstraram isso aqui pra nós”, afirma.
Troca de experiências
Artistas experientes aplaudiram o espetáculo, que teve o protagonismo dos jovens, do roteiro à apresentação. Da plateia, os artistas globais Rosa Maria Malagueta, Rafael Gualandi e Adanilo se emocionaram com as histórias de superação.
“Estou muito honrado de estar aqui na aldeia Três Unidos. Acho muito louvável que iniciativas como essa aconteçam em comunidades ribeirinhas. E esse lugar, especificamente, é um lugar de muitos talentos. Talentos do arco e flecha, da canoagem e, agora, talentos da atuação também, como a gente pode ver no palco”, frisa Adanilo.
Em sua primeira experiência na Amazônia, o ator Rafael Gualandi celebra a oportunidade da troca de vivências.
“Eu fiz tantas amizades que eu vou levar um pouquinho de cada um quando eu for. E que essa peça deixe um pouco de amor, reflexão, união e muitas semetinhas plantadas no coração dessa comunidade”, disse emocionado.
Projeto Gari
O Projeto Grupo de Amigos Representando Ideias (Gari) leva arte e educação a jovens de comunidades ribeirinhas do Amazonas. Em dois anos, realizou atividades na comunidade Três Unidos, do povo Kambeba, que está situada na margem esquerda do Rio Negro, dentro da RDS Puranga Conquista e APA Aturiá-Apuazinho.
Elenco
Juma: Elinelson Moraes
Moema: Geovana Barbosa
Moema (filha): Vitória Dinis
Cleide: Tailane Cruz
Mulher de Vestido Vermelho: Tainara Kambeba
Clowns: Jean Salgado, Natan Araújo, Neucilane Moraes e Samuel Góis
Participação Especial: Evilásio Souza ( Elvislásio) e Ramilson da Silva (chefe)
Elenco de Apoio: Franciraldo Oliveira, Rodrigo Silva e Tailon Pontes.
Ficha Técnica
Direção Geral: Adriano Rodrigues
Produção Geral: Regina Queiroz
Texto: Mateus Nunes e Vitória Dinis
Roteiro e Preparação do Elenco: Adriano Rodrigues
Figurino: Maurício Duarte
Visagismo: Yule Castro
Cenografia: Juca Di Souza.
Sonoplastia: Pedro Peres
Iluminação: Evandro Repolho
Produção Musical: Breno di Andrade, Gabriel Lima, Josias Junior, Mário Coelho.
Assessoria de Imprensa: Edilene Mafra e Mayane Batista (Amazon Media And Checking)
Social Media: Ana Camargo
Fotografia: Hamyle Nobre
Audiovisual: Marcelo Ramos
Apoio Técnico e Logístico: Deuziney Silva, Bruno Lima, Dani Saterê, Nilson Oliveira, Raimunda Marques, Raimundo Kambeba, Raimundo Souza, Raylene Dias e Neurilene Cruz
Projeto Gari
O Projeto Grupo de Amigos Representando Ideias (Gari) leva arte e educação a jovens de comunidades ribeirinhas do Amazonas. Em dois anos, realizou atividades na comunidade Três Unidos, do povo Kambeba, que está situada na margem esquerda do Rio Negro, dentro da RDS Puranga Conquista e APA Aturiá-Apuazinho.